sábado, 22 de maio de 2010

Uma criança feliz

Uma situação adversa pode muitas vezes surpreender. Vivemos num mundo repleto de adversidades, deparamos também com fatos curiosos.
Era um dia tempestuoso, muita água caindo do céu nublado, nuvens escuras, enchentes, algum tremor obscuro em alguma terra distante; os pensamentos afligiam minha mente, quando surgiu um menino.
Na rua praticamente alagada, um menino de dez anos, com uma mochila nas costas, roupa escolar, estava passando com seu patinete, correndo feliz, a sorrir.
Esta cena deixou-me certamente intrigada, pois deparei com um confronto explícito: a adversidade e a poesia.
Enquanto a adversidade revela o caos; a poesia passeia a olhos vistos; o adverso às vezes desequilibra; enquanto um menino equilibra-se poeticamente em seu patinete; o que desestrutura deixa infeliz; um olhar de criança nunca haverá de ser irrisório, pois transmite simplicidade e por isso é feliz.
A adversidade é capaz de inibir a felicidade? Não. Num contraste aparente, tanto o olhar poético e o que é adverso estão presentes; o que está no passado deixa-nos a herança do saber; o amor ao saber sugere poesia que sorri a todo instante para a vida e ameniza qualquer efeito do imprevisto sórdido.